Batalha naval
Ano de 2014. Estamos na era das Playstations, dos jogos online e das Wii (tive que ir à Internet confirmar como é que se escrevia) ou seja, parece que já só é possível jogar seja o que for à frente de um ecrã, maior ou menor, dependendo do equipamento, e carregando energicamente em botões ou manipulando joysticks. Foi neste contexto que num destes últimos fins-de-semana propus à minha filha, que, felizmente, não está viciada nestas modernices (aliás, nem as tem) ensiná-la a jogar à batalha naval à moda antiga e ela, entusiasmada, aceitou o desafio.
Procurámos, então, um caderno quadriculado, retirámos cuidadosamente duas folhas da parte central e comecei a explicar-lhe como se jogava. Dois quadrados, lado a lado, cada um com dez linhas, identificadas com números de um a dez, e dez colunas identificadas com letras de A a J. Depois, expliquei-lhe a colocação dos navios: um porta-aviões, quatro submarinos, dois barcos de três canos, três barcos de dois canos e um de quatro canos, num total de onze peças. Sentados frente a frente, com uma pequena barreira entre nós para não espreitarmos o jogo adversário, começámos a disparar séries de três tiros, certeiros, alguns, em cheio na água, outros. Jogámos na versão mais fácil, ou seja, identificando qual o tiro certeiro e o tipo de navio atingido, pelo que alguns minutos depois já a frota de ambos estava meia afundada e ao fim de pouco mais de meia hora o jogo estava terminado. Mas seguiu-se outro, e depois mais outro, e ao terceiro ou quarto dei com a minha filha a ganhar-me, pois aprendeu bem mais depressa do que eu pensava.
Foram momentos bem passados e no final, mais importante do que ganhar ou perder, descobrimos mais uma boa maneira de ocuparmos o tempo e de nos divertirmos, e tudo com apenas duas folhas de papel e duas canetas…
(Luís dos Anjos)