As razões normalmente apresentadas para começar a ter relações sexuais com o/a namorado/a são:
1. Medo de perder a relação.
2. Pensar que todos o fazem.
3. Querer provar que se é um verdadeiro homem/mulher.
4. Curiosidade.
5. Não querer parecer fora de moda, antiquado/a.
6. Pensar que é o passo seguinte da relação.
7. Buscar afecto e ternura.
8. Querer mostrar que ama.
9. Pensar que assim prenderá o outro.
10. Aconteceu sem ser previsto.
O sexo antes do casamento é de rejeitar pelas seguintes razões:
O marido (a mulher) é superior ao namorado (namorada)
Não faz sentido dar o mais (a virgindade, a sexualidade, a intimidade) ao namorado (namorada) e dar o mesmo ou menos ao marido (à mulher). O mais para o mais, o menos para o menos. A virgindade é para o cônjuge. Tanto o rapaz como a rapariga devem ter presente o futuro marido ou a futura mulher. O seu pensamento não pode estar no que podem dar ao namorado actual, mas no que vão dar ou deixar de dar ao cônjuge de sempre.
Que posição ocupa um determinado rapaz no ranking dos namorados da sua companheira?
Se a sua mulher não é virgem, ele nunca saberá se é a paixão da vida dela… ou uma solução de recurso! Será que a grande paixão dela é aquele a quem ela já se entregou? No casal em que o máximo foi para o máximo, nada disto se passa.
Nunca uma rapariga deixou de casar pelo facto de ser virgem.
Pelo contrário, muitas perderam casamento por não o serem, e, quando não perderam, os maridos que as aceitaram experimentaram uma dor intensa ao tomar conhecimento das histórias passadas, pelo que a rapariga acabou a magoar profundamente aquele de quem mais gostava e, portanto, a quem menos quereria causar dor. E se um rapaz gosta mesmo de uma rapariga, a ponto de querer casar e viver sempre com ela, não vai deixar de o fazer pelo facto dela recusar ter relações antes do casamento, sobretudo se ela deixou bem claro, desde o primeiro dia de namoro, que não as quer ter.
Há rapazes que testam a namorada
Há rapazes que testam a namorada: se ela aceitar ter relações, então não é séria e não serve para casar (embora sirva para ter relações). Uma rapariga não pode estar certa do estado de espírito do rapaz e das suas disposições, se ele não assumiu um compromisso público (casamento) com ela. Dizer “amo-te loucamente, tu és diferente, nunca senti nada assim, eu nunca estive assim, etc” é a coisa mais fácil do mundo, sobretudo quando se está interessado em ter prazer grátis.
O rapaz nunca deixa de ter presentes os seus futuros filhos, e para eles quer uma mãe séria como ele teve
Convém ainda ter em conta que, qualquer que seja a palavra, os rapazes prezam muito as raparigas sérias. O rapaz nunca deixa de ter presentes os seus futuros filhos, e para eles quer uma mãe séria como ele teve, pelo que a rapariga só tem razões para dizer não. Em muitos casos, o namorado só fica com ela por causa dessa negativa e nos casos em que a deixa é porque não gostava dela e acabaria por deixá-la de qualquer forma.
Muitas e muitas raparigas sabem que o seu namoro correu bem até ao dia em que aceitaram ter relações sexuais
A partir daí o relacionamento começou a azedar arrastando-se penosamente até acabar. Isto para a maioria delas é incompreensível: porque azedou a relação depois da prova suprema de amor? Para além do que se disse no ponto anterior (o rapaz passa a achar que a rapariga não é séria, não é como a mãe dele), há aqui um mal entendido medonho que resulta do facto de a mulher aplicar ao homem o seu modo de ver a sexualidade. Os homens são mais directamente carnais: podem experimentar o simples valor sexual do corpo duma mulher totalmente à margem da sua afectividade ou do seu valor pessoal. O homem é assim e é bom que a mulher o saiba. O facto de estarem a ter relações sexuais não é uma garantia de que o namorado está profundamente apaixonado, envolvido, agarrado, seguro, etc. O triste mal entendido das relações pré-matrimoniais é que as raparigas tendem a querer trocar um pouco de sexo por muito amor e afecto, enquanto os rapazes costumam dar pouco amor em troca de muito sexo. Insiste-se, é um erro a mulher aplicar ao homem o seu modo de ver a sexualidade.
Inquérito: Só 16% dos rapazes disseram que o fizeram por amor
E para que não haja dúvidas, num inquérito de 1994 apurou-se o seguinte: cerca de 45% das raparigas afirmaram que tiveram a primeira relação sexual por amor. Só 16% dos rapazes disseram que o fizeram por amor. Enquanto, nas raparigas, amor foi de longe a primeira razão, nos rapazes amor aparece em terceiro lugar. Em primeiro lugar (com cerca de 30%) aparece a curiosidade, enquanto que nas raparigas só 13% aceitaram ter relações por curiosidade. Em suma, rapazes e raparigas diferem muito nos motivos e nos objectivos das suas relações pré-matrimoniais, com óbvia perda para as raparigas que se entregam por amor para satisfazer a curiosidade! (As outras razões dadas pelos rapazes, por ordem decrescente, são: pensar que é o passo seguinte do namoro, foi arrastado pelos acontecimentos, queria perder a virgindade, os amigos fazem o mesmo, estava bêbado (7%). (1)
(1). A. Johnson et al, Sexual Attitudes and Lifestyles, Blackwell Scientific Pulications, Oxford, 1994.
Muitas raparigas pensavam que aquela relação era de namoro
Em Portugal foram feitos dois estudos semelhantes. Num deles, perguntou-se aos jovens com quem tinham tido relações sexuais pela primeira vez; a maioria dos rapazes disseram que foi com uma amiga, enquanto praticamente 65% das raparigas disseram que foi com o namorado. Portanto, uma vez que o estudo é significativo para a população portuguesa, a conclusão a tirar é a de que muitas raparigas pensavam que aquela relação era de namoro, enquanto os rapazes viam-na como uma mera amizade (2). Num outro estudo ainda inédito da Universidade Nova, feito aos estudantes do liceu de Lisboa chegam-se a conclusões similares.
2. Manuel Villaverde cabral, Jovens Portugueses de Hoje, CELTA, 1998.
Diminui a liberdade.
A sexualidade acaba a introduzir duas anomalias no namoro. Em primeiro lugar, diminui a liberdade. Quando não há relações, a pessoa está livre de equacionar as virtudes e os defeitos, os prós e os contra, e decidir se casa ou não. Mas quando há relações a pessoa tem que equacionar tudo isso com o facto de já ter tido relações. Muitas amigas e confidentes já ouviram lamentos do tipo: “Ele tem estas virtudes, mas também tem aquele problema… não sei o que faça. Além do mais eu já fui tão longe na intimidade com ele. Não me sinto com coragem para iniciar uma nova relação onde terei de reconhecer que não sou virgem…”. Daqui resulta a tendência para se ser mais tolerante com os defeitos do outro e, como estes jogam contra a felicidade do casal, as relações pré-maritais acabam a jogar contra a felicidade no casamento.
As relações perturbam o conhecimento mútuo
A segunda anomalia é que as relações perturbam o conhecimento mútuo. A zanga não é um bom preparativo para a próxima relação sexual. A namorada que tem relações sexuais conhece o seu namorado quando estão num período de agradecimento das relações anteriores e a preparar as próximas. Se o período que medeia entre duas relações for grande, este efeito pode ser um pouco esbatido. Mas se é curto, é óbvio que ambos estão mais renitentes a implicar com o defeito dominante, porque logo depois de ter tido relações, ou perante a perspectiva de as vir a ter, ninguém vai arranjar uma zanga. O defeito que poderia acabar com o namoro não se manifesta durante o período delico-doce que se segue ou antecede as relações. E de anestesia em anestesia pode-se chegar ao casamento sem ter namorado nunca… Em suma, como se viu acima, nos casos em que o rapaz anda só a “curtir”, depois de iniciadas as relações, ele -que já teve o que queria- vai azedando até que a ligação se torna insustentável. Nos casos em que há a disposição séria de tentar o casamento, as relações perturbam o conhecimento mútuo.
As relações sexuais exigem uma aprendizagem que dura, provavelmente, a vida inteira!
As relações sexuais exigem uma aprendizagem que dura, provavelmente, a vida inteira! Não faz sentido entrar em diversos processos de aprendizagem, com pessoas diferentes, que se vão interrompendo, e que não têm nenhuma utilidade uma vez que só a adaptação à pessoa eleita interessa. Esta adaptação, evidentemente, faz-se com a própria pessoa. Os namorados não têm habitualmente condições, nem de tempo nem de disposição nem de tranquilidade, para levar a cabo esta lenta aprendizagem. O resultado é que temos testemunhos atrás de testemunhos de raparigas que dizem andar a fingir orgasmos há anos enquanto vão olhando para o tecto e pensando: “Então o sexo é isto? Grande coisa!” (3). De facto o que não há é possibilidade de ir longe em relações esporádicas, às escondidas, no temor de serem descobertas, e quando se experimenta com este e com aquele.
(3). Ou que vivem atormentadas com medo de serem frígidas, ou de ignorarem algo fundamental sobre como ter relações, etc. No cinema tudo é delírio e facilidade. A rapariga que dorme com o namorado pode demorar algum tempo a perceber que a realidade é bem diversa.
Se os namorados tivessem decidido já esta doação total mútua, seriam casados
O prazer máximo da relação sexual exige uma relação sexual de qualidade máxima. Para ilustrar com os casos extremos, a relação sexual com uma prostituta não tem a qualidade de uma relação de fidelidade, aberta à vida, com a companheira de e para sempre (4). E a relação de qualidade máxima só pode ser atingida no amor. Ora o amor não é um sentimento ( “fogo que arde sem se ver”): amor é entrega, é doação total, se for preciso até à morte. Esta doação plena supõe a entrega dos sentidos, dos pensamentos, da memória, da inteligência e do tempo: todo o passado e todo o futuro. Se os namorados tivessem decidido já esta doação total mútua, seriam casados, e não se percebe porque não o assumem perante a sociedade. Mas a verdade é que, por norma, a relação sexual entre namorados está longe -muito longe!-dessa doação total, e é por isso que não o assumem (5).
(4). Como é evidente a relação aberta à vida tem o seu quê de loucura, mas uma loucura boa, de amor, que portanto fica a anos luz da relação que visa exclusivamente atingir um orgasmo num momento.
(5). Habitualmente os jovens aceitam que entender o amor como entrega total é um caminho muito mais certo para a felicidade do que entendê-lo como uma mistura de sentimenos, gostos e prazeres. Contudo, insistem que as relações pré-matrimoniais já são doação total, mas daquilo que se pode dar na altura: Os casados podem dar mais do que os namorados: o que conta é que cada um dê tudo o que pode na circunstância em que está. Esta objecção é repetida mil e uma vezes pelos jovens, mas de facto não tem fundamento. Imaginemos uma pessoa que dá cinco escudos a um pobre. Será que as carências do pobre vão ficar resolvidas pelo facto daquele ser todo o dinheiro que na altura a pessoa tinha no bolso? No amor não se quer nem todo o dinheiro do bolso nem todos os bens da pessoa (a pessoa que dá tudo pode ser generosa, talvez heroicamente generosa, mas generosa somente) porque nada disso bastaria. No amor a pessoa dá-se a si própria, totalmente, para sempre. A companhia, a genitalidade, o prazer, são as moedas do bolso. Não são doação total, não são amor. O pobre poderia dizer: se o senhor deseja sinceramente acudir-me nesta necessidade, então dê-me dinheiro quando tiver o suficiente: tudo o mais são desculpas e mentira. Seguramente, no amor vale isto mesmo: se verdadeiramente me queres, então espera até que te possas doar totalmente. Tudo o mais são desculpas e mentira.
A taxa de divórcios nestes casais é muito superior
Concretizando um pouco mais este último ponto, em Abril 1995 decorreu o congresso da Population Association of America, no qual mais de uma dezena de demógrafos apresentaram comunicações sobre os efeitos das relações pré-matrimoniais e da co-habitação (para “permitir uma experiência antes do casamento”). As conclusões não deixaram margem para dúvidas: a taxa de divórcios nestes casais é muito superior; têm mais probabilidades de serem incompatíveis; as taxas de infidelidade são muito superiores; são casamentos muito mais instáveis; encontram menos satisfação no relacionamento mútuo; e em geral são menos felizes (6).
(6). Ver também Karen Peterson, Couples who cohabited are more likely to divorce, USA Today, 7 Oct 1993.
É curioso notar que se encontraram no casamento vantagens até há pouco insuspeitadas. De facto descobriu-se que o casamento trás vantagens emocionais e para a saúde que a co-habitação não consegue dar. Ver Jennifer Steinhauer, Studies find big benefits in marriage, New York Times, 10 Apr 1995, p A10.
Insegurança: amada por si mesma?
Uma rapariga quer ser amada por si mesma, pelas suas ideias, valores e personalidade. O rapaz quer ser apreciado pelas suas maiores virtudes e capacidades. As relações sexuais introduzem um factor de insegurança: “ele(a) interessa-se por mim ou pela minha disponibilidade sexual?”
O sexo antes do casamento aumenta o risco de aventuras extraconjugais
Robert Bell, autor do livro Premarital Sex in a Changing Society, explica que o sexo antes do casamento aumenta o risco de aventuras extraconjugais e estas, por sua vez, levam frequentemente ao divórcio (7).
(7). Josh McDowell and Dick Day, Why wait? What you need to know about the teen sexuality crisis (S. Bernardino, 1987).
Involuntariamente ou não isto acabará por contribuir para a deformação da identidade
Durante a adolescência a rapariga, em particular, passa por um processo de identificação no qual vai identificando o tipo de mulher que quer ser. Se quer usar saias mais clássicas ou mais modernas, mais longas ou mais curtas; se quer passar muito tempo em discotecas ou em festas de amigos; se quer sentar no colo do namorado ou dar-lhe simplesmente a mão; se quer fumar e beber alcool ou abster-se disso; se quer pintar o cabelo de azul e praticar body-piercing, ou se prefere penteados clássicos e casacos de malha. Enfim, ela vai elegendo uma infinidade de caractrísticas que quer ter ou não. Quando uma jovem que está ainda à procura da identidade, inicia relações sexuais e começa a usar pílulas para não engravidar, identifica-se -ainda que inconscientemente-com alguém que é intencionalmente promíscuo. Involuntariamente ou não isto acabará por contribuir para a deformação da identidade (8).
(8). Mercedes Arzú de Wilson, Guía Práctica de Educación y Sexualidad, Palabra, 1998.
O sexo entre adolescentes, especialmente aos 15 anos ou antes, é especialmente perigoso para a saúde física e psicológica
O professor Bradley Hayton foi chamado a depor, sobre relações pré-matrimoniais, na United States House of Representatives, em 18 de Junho de 1991. Segue-se uma parte do seu depoimento:
O sexo entre adolescentes, especialmente aos 15 anos ou antes, é especialmente perigoso para a saúde física e psicológica. Vários investigadores encontraram altas correlações entre as experiências sexuais precoces e o consumo de álcool e drogas. Relacionou-se a experiência sexual precoce com o consumo de tabaco, com delitos menores e com as dificuldades de aprendizagem. As raparigas que já perderam a virgindade são seis vezes mais propensas a tentativas de suicídio, e correm maior risco de se sentirem sós, sentirem-se tristes, ter dificuldades para adormecer e experimentam também uma baixa auto-estima.
1. As mulheres que iniciam a actividade sexual antes dos vinte anos e que tiveram relações com três ou mais parceiros, ou que tiveram relações com um homem que teve três ou mais parceiras, correm um alto risco de desenvolver cancro do colo do útero por volta dos trinta anos (9).
Quanto mais jovem é a mulher que tem relações, maior é o risco de desenvolver cancro do colo do útero. Especialmente perigosas são as relações antes dos vinte e um anos. Demonstrou-se também que o risco de anormalidades do colo do útero aumenta com o número de parceiros sexuais (10).
Segundo um estudo da Universidade de Oxford, se a jovem, para além das relações sexuais, estiver também a tomar a pílula, o risco de desenvolver cancro do colo do útero é ainda maior (11).
2. Os adolescentes estão mais sujeitos aos danos das doenças sexualmente transmissíveis porque têm menos anti-corpos que os adultos. E a única forma de estar livre destas doenças é a relação monogâmica fiel, própria do casamento. Nenhuma namorada pode saber, antes de casar, que está numa relação monogâmica fiel… porque ignora se dentro de um mês ainda estará com o actual namorado.
3. Há uma ligação estreita entre as relações pré-matrimoniais e o aborto. A rapariga e o rapaz que têm bem claro o horror do aborto, são muito mais firmes na rejeição das relações. Há que dizer que muitos rapazes, quando postos perante a possibilidade, dizem que, se ocorrer a gravidez, então casarão. Como é evidente, cabe-lhes esclarecer porque não casam já. Se podem casar, porque o não fazem? E se não podem, porque prometem o que não poderão cumprir? Os grupos pró-vida têm milhares de testemunhos de raparigas grávidas abandonadas pelos namorados, um dia depois destes terem prometido amor eterno. A ligação entre aborto e relações pré-matrimoniais também funciona ao contrário: 80% dos bebés abortados no Ocidente são gerados fora do matrimónio. Portanto, e voltando ao início, se as pessoas tivessem consciência de que o aborto mata um bebé, um filho, ser-lhe-iam mais avessas e consequentemente fugiriam das situações de risco.
4. Convém ainda assinalar que por trás das relações pré-matrimoniais está já uma desordem. Segundo Viktor Frankl,
“O problema do nosso tempo é que as pessoas estão cativas de um sentimento de falta de sentido, acompanhado por um sentimento de vazio. A sociedade industrial está preparada para satisfazer todas as nossas necessidades e a sociedade de consumo cria necessidades que depois satisfaz. Contudo, a mais humana das necessidades, a necessidade de encontrar o sentido da vida, permanece insatisfeita. As pessoas podem ter muito com que viver mas frequentemente não têm nada por que viver.” (12)
O resultado desta ausência de sentido para a vida são um número trágico de suicídios (13), consumo de drogas, doenças venéreas, etc. Segundo o Instituto Alan Guttmacher, todos os anos se produzem 12 milhões de novos contágios de doenças venéreas, sendo que dois terços destes afectam jovens com menos de 25 anos (14).
5. Convém ainda assinalar que quando os jovens carecem do amor incondicional dos seus pais, normalmente vão procurá-lo na primeira pessoa que lhes presta um pouco de atenção. A muitos adolescentes falta uma atitude positiva relativamente ao futuro porque carecem da experiência de um amor incondicional, o que por vezes é agravado pelo facto de viverem em famílias mono-parentais ou com famílias de segundos casamentos, etc. Nestas circunstâncias, o carinho e a atenção que sentem no namoro ultrapassa qualquer experiência anterior e nada parece demais para oferecer a quem lhes revelou uma realidade tão nova quanto deliciosa. Mas esta realidade nova, e sobretudo o medo de a perder, tornam a posição negocial da pessoa muito frágil pelo que, com as pressões do ambiente, facilmente cai nas relações sexuais. Armand Nicholi, professor de Harvard, traça o seguinte quadro:
“Muitos dos que têm trabalhado com adolescentes durante a última década deram-se conta de que a nova liberdade sexual não leva de nenhuma maneira a um maior prazer, liberdade e abertura, ou a relações mais profundas entre os sexos. A experiência clínica mostra que a nova permissividade leva com frequência a relações vazias, a sentimentos de autodesprezo e de não valer nada, a uma epidemia de doenças venéreas e a um grande aumento de gravidezes indesejadas. Tem-se visto que os estudantes acham que a liberdade sexual é insatisfatória e sem sentido. Ainda que o seu comportamento sexual pareça ser uma tentativa desesperada para superar uma solidão profunda, estes adolescentes descrevem as suas relações sexuais como pouco satisfatórias e afirmam que não lhes proporcionam o calor emocional que esperavam. Descrevem um intenso sentimento de culpa e uma preocupação permanente por estarem a ser utilizados como objectos sexuais. (15)”
(9). The New York Times, 15 de Março de 1984.
(10). Jane and Julian Chomet, Cervical Cancer, Wellingbourgh UK, Thorsons Publishing Group, 1989.
(11). The Lancet, nº8356, 22 Outubro 1983, pp 930-934.
(12). Viktor Frankl, The meaning of love, Ninth International Congress for the Family (Paris, Fayard, 1987), p. 39.
(13). O suicídio é a segunda causa de morte nos jovens entre os 15 e os 19 anos nos EUA.
(14). Facts in Brief, Alan Guttmacher Istitute, Spt 1993.
(15). Armand Nicholi, The Adolescent, Family of the Americas Foundation, 1984, pp.4-5. Também, The Harvard Guide to Modern Psychiatry (Cambridge, 1980), p.530.
Há um conjunto de condições que tornam mais difícil a uma pessoa atingir a felicidade, e há uma hierarquia nessas condições
Há um conjunto de condições que tornam mais dificil a uma pessoa atingir a felicidade, e há uma hierarquia nessas condições. Por exemplo, estar fortemente viciado em cocaína ou ser despedido são dois obstáculos a uma vida feliz. Contudo, em geral, o primeiro é muito pior que o segundo. O mesmo se passa na vida afectiva e sexual. Ser solteira e estar grávida é um sarilho. Ser mãe solteira é um sarilho ainda maior. Abortar é uma montanha de sarilhos do pior calibre e uma tragédia das grossas. A rapariga solteira e grávida ainda pode vir a ser feliz: pode casar com o namorado e pode ter uma vida normal. A mãe solteira também pode vir a ser feliz, apesar de ter grandes obstáculos a ultrapassar e de lhe ser mais difícil arranjar alguém com quem casar. Além disso tem o filho que, ao lado das canseiras e preocupações, é também fonte de muitas alegrias e óptimos momentos. A rapariga que abortou, além de mandar matar o filho, destroi a sua vida completamente e só um milagre a poderá resgatar (16). Portanto, as relações antes do casamento colocam a rapariga no sério risco de se ver grávida e de com isso comprometer seriamente todas as possibilidades de felicidade futura. No final até poderá ser feliz, mas por um caminho cujo controle lhe escapa completamente. Enquanto antes, a sua felicidade está inteiramente nas suas mãos e nas escolhas que vai fazendo, a partir do momento que engravidou o processo foge-lhe das mãos: depende da vontade que o rapaz tiver de casar (algo muito raro nos tempos que correm); se ele não casar fica à mercê do vento que lhe traga alguém interessado em casar com uma mãe solteira; e se abortar substitui o filho por uma bomba relógio que quando menos esperar vai rebentar e destruir-lhe a paz, a alegria e a vida. A curiosidade, o pensar que as relações sexuais são o próximo passo do namoro, a cedência a chantagens, o medo de perder o namorado, pensar que todas as amigas têm relações, querer provar ou testar a sua feminilidade, não querer parecer antiquada, querer provar o amor (quando há tantas outras formas e muito mais fortes como por exemplo casar-se posto que só casa quem ama), ou tentar agarrar o namorado, são tudo razões demasiado fracas quando se pensa que no outro lado da balança está posta em risco toda a felicidade futura. É óbvio que é milhões de vezes pior abortar do que dormir com o namorado. Simplesmente nunca se viu uma rapariga abortar sem antes ter dormido com o namorado. O risco de perder o controlo sobre as escolhas que lhe permitem sonhar com uma vida feliz, colocando-a à mercê de terceiros e de acontecimentos fortuitos, é um prejuízo que nenhuma relação sexual, que nenhum orgasmo por mais feérico que fosse, pode compensar.
(16). Não há possibilidade de explicar aqui porque é isto assim. O leitor interessado deverá consultar Aborto: Sim ou Não, João Araújo, Verbo, 1998.
Se o casal gozou a dois deve enfrentar tudo isto a dois
O natural é que se a relação foi a dois a (eventual) concepção seja também a dois. Ligada à concepção vem uma série de efeitos secundários (enjoos, vómitos, sono, prostração, riscos, análises, ecografias, consultas, parto, noites de vigília, etc). Se o casal gozou a dois deve enfrentar tudo isto a dois. A forma tradicional de o fazer é o casamento. É no casamento que o amparo da mulher grávida cabe ao marido. Antes do casamento, o amparo acaba na família da rapariga (pais, irmãos, avós, etc). Logo, as relações pré-matrimoniais são justamente condenadas pela família porque se coloca o risco (normalmente grave) do gozo ser do rapaz e o prejuízo ser da família. No fundo, a rapariga, os pais e os familiares em geral (para além do filho), vão pagar durante anos o gozo (e a deslealdade) de um rapaz estranho. Se as famílias têm que ser firmes no apoio à filha, engravidada e abandonada, proporcionalmente mais firmes têm de ser na verberação de comportamentos irresponsáveis que acabarão a colocar todo o peso das consequências na família. Quem goza é o rapaz mas quem paga é a família da rapariga. A menos que a rapariga seja completamente independente e viva sozinha no mundo (situação académica), nenhuma rapariga tem o direito de colocar unilateralmente uma carga bem pesada sobre os seus familiares. As famílias têm o direito de exigir que se os namorados andam a gozar a dois então façam a dois as despesas resultantes. E a forma de o garantir é o casamento.
Uma boa forma de colocar as relações pré-matrimoniais em perspectiva é olhar para a… morte
Uma boa forma de colocar as relações pré-matrimoniais em perspectiva é olhar para a… morte. Imagine-se perante o cadáver do seu cônjuge. Que pensamentos tem: recorda os orgasmos que ele lhe proporcionou? Ou antes recorda os seus sinais de generosidade, de carinho, a sua alegria, tudo que fez por si, as virtudes que tinha, a habitualidade em comum, as refeições, as brincadeiras com os filhos, o convívio, etc? Ou seja, recorda-se o que a pessoa tinha de mais humano ou o que tinha de mais sensual? Quando uma pessoa bate de frente na realidade, e a morte é a melhor forma de acordar os distraídos, os orgasmos ficam imediatamente colocados no seu sítio, reduzidos à sua insignificância: no quadro das relações entre o casal, os orgasmos são das últimas coisas a lembrar, se é que se recordam de todo. O cinema é irreal, de festivais mirabolantes com actores que afinal não conseguem manter os seus casamentos muito tempo. A vida é real, e na realidade, nem os orgasmos se aproximam remotamente dos do cinema, nem o seu valor supera o prazer de se viver com uma pessoa generosa, alegre, bem humorada, diligente, trabalhadora, ordenada, etc. No final, por muitas voltas que se possa dar à sexualidade, as pessoas desejam encontrar no cônjuge as qualidades humanas mais elevadas; e estas são as mais elevadas por serem as mais queridas e desejadas! Nunca a perfomance sexual foi considerada a qualidade humana mais elevada. E o namoro serve para isso: para ver e promover as qualidades humanas, aquilo que se vai recordar na morte…
As razões dadas para ter relações com o namorado são afinal óptimas razões para casar e ter relações com o marido (e não antes)
As razões dadas para ter relações com o namorado são afinal óptimas razões para casar e ter relações com o marido (e não antes):
1. Medo de perder a relação. Para o resolver o melhor é casar. Se algum não quer casar, então o melhor é esperar para ver… sem relações!
2. Pensar que todos o fazem. É verdade, quase todos os casados têm relações sexuais. Antes de casar nem sequer metade o fazem.
3. Não querer parecer fora de moda, antiquado/a. Na relação entre namorados pode contar muito a opinião alheia. Na vida do casal conta nada.
4. Pensar que é o passo seguinte da relação. De facto é: o passo seguinte ao namoro é o casamento e depois de se casarem é normal os noivos terem relações sexuais.
5. Buscar afecto e ternura. Depois de casar, tem a vida toda para o procurar e encontrar. Antes de casar, há demasiadas histórias trágicas para que os riscos compensem o lucro.
6. Querer mostrar que ama. Só casa quem ama. Para ter relações sexuais não é preciso amar. A melhor forma de mostrar que se ama é dizer caso contigo.
7. Pensar que assim prenderá o outro. Dada a facilidade em se divorciar, nem casados e sexuados estão presos… quanto mais sem vínculo nenhum! As raparigas aparentemente esquecem-se que as prostitutas são as pessoas mais abandonadas do mundo. E as raparigas fariam bem em perguntar a si próprias se o facto de os rapazes das suas relações não irem a prostitutas, como antigamente, não resulta de terem o mesmo serviço gratuitamente…
8. Aconteceu sem ser previsto. É vulgar no casal; pode ser trágico para os namorados. Feitas as contas, o melhor é casar. Se não pode casar, então não se ponham em condições de que aconteça sem ser previsto.
(João Soares)