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Girava a velha mó de algum moinho,
rodando em torno a si com lentidão
enquanto o trigo branco, grão a grão,
finava docemente o seu destino…
Desfeito todo em pó, no torvelinho
da mó que o esfacelou, qual frustração,
gerou a sua morte um novo pão,
tão alvo como a neve ou como o linho…
O grão se fez, assim, na mó, fartura,
mostrando como a dor ganha sentido
no meio da desgraça que a tritura…
A vida tem um fim sempre temido:
a morte, irmã da dor, dessa aventura
do trigo que dá pão quando é moído…
(Rui Rosas da Silva)
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