Olhamos para a noite da passagem de ano como se fosse uma varinha de condão. Uma varinha mágica, com a capacidade de transformar a nossa vida. Como se a noite da passagem de ano fosse outro Natal, o Natal da gente grande, esperando ansiosamente, como crianças, que a manhã abra a porta de uma vida diferente, plena de sonhos concretizados. Sabemos que as mudanças não se fazem da noite para o dia, mas essa consciência não impede a magia de desejar. Tão bom. Não escrevemos cartas… ao Pai Natal ou ao Menino Jesus, mas comemos as doze passas, subimos para cima de uma cadeira e cumprimos os rituais que nos enchem de esperança num ano feliz. Sabemos que a rotina vai continuar, que as dificuldades vão continuar, mas voltamos a sonhar. É esta magia que deve permanecer o ano inteiro. Porque a noite da passagem de ano é só uma e nós precisamos de magia todos os dias.
Texto de Elisabete Bárbara
ilustração de Juan Chavetta