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Sobreiro solitário, um eremita,
que mora na paisagem do Alentejo,
qual monge que matou todo o desejo,
vivendo sempre só e sem desdita…
Não fala com ninguém, sempre medita,
erecto num deserto onde eu o vejo
não quer nunca mudar ou ter ensejo,
pois só na solidão é que acredita…
Sozinho, ele ali vive, sossegado,
num porte que o mantém sempre direito,
e cumpre a sua vida, um vago fado…
Parece não ter causa ao ser efeito,
e surge sem futuro e sem passado,
apenas ele é assim, tal é o seu jeito…
(Rui Rosas da Silva)