Não deixes o rio da tua alegria secar. Não deixes que as margens se afastem, não deixes que se vejam as pedras no fundo da alma, só tu sabes que lá estão. Não deixes que a esperança se feche à luz do que está por vir, a olhos que não querem ver nenhuma flor se pode mostrar, nenhuma manhã se pode oferecer.
Não deixes que a tristeza se venha sentar à tua porta, não deixes ficar o que está de passagem e ocupa o lugar do que está a caminho. Não deixes que o riso seja apenas uma memória, acende-o com o desejo de uma felicidade maior, não queiras perder tempo com o que já não tem chama, o que acabou só te veio ensinar que, para cada fim, está guardado um novo início.
Recomeça, não te estejas sempre a olhar nas águas paradas do que não volta, o reflexo que vês já não te pertence, já não és a pessoa que ficou lá atrás, cresceste, já não cabes no que pensaste que querias, às vezes as mágoas desimpedem o caminho e vê-se melhor por entre as lágrimas. Não deixes murchar o que só tu podes regar, a cada um a sua fonte, a cada um o seu jardim, não deixes que venham pôr em vasos o que nasceu para ser livre. Sente o vento, o sal do mar na pele, o coração a bater. Não tires ao tempo a oportunidade de te mostrar que a desilusão que te magoou foi, afinal, a dor que causam as asas a nascer.
Bom dia! 🌹
Texto de Elisabete Bárbara
ilustração de Duy Huynh