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Não ouças. Não deixes que te cortem as asas. Às vezes também me dizem Não vás por aí. Às vezes também me dizem que Não vale a pena. Seguram-me no braço com aquele ar condescendente que lhes dá a experiência de nunca terem feito nada na vida e perguntam-me Para que é que queres isso? Seguram-me no braço e abanam a cabeça como se fossem reticências. Dizem-me Não sonhes. Não penses. Faz como toda a gente. Não podes mudar o mundo. Pergunto-me que sentido faria viver se não pudéssemos fazer mais do que baixar os braços. Abre-os para abraçar a vida.
Texto de Elisabete Bárbara
ilustração de Duy Huynh