– Que histórias me contas tu, ó estrela da tarde,
Que já me sentei à porta de casa para te ouvir?
Ó estrela da tarde, que histórias me vens contar
Que já, para te ouvir, à porta de casa estou sentado?
– Conto-te que nesse lugar onde agora tu estás
Já antes de ti outros estiveram a olhar para o céu
E que as cadeiras à porta são sinal de paz
Que é feita das flores pintadas que o teu avô ao tempo ofereceu.
Conto-te que nessa cadeira onde estás sentado agora
Já antes de ti outros o mesmo me perguntaram
E que não há passado que não aconteça agora
Para te sentares aí outros desse lugar se levantaram.
– Que histórias me contas tu, ó estrela da tarde
Que já me sentei à porta de casa para te escutar?
Ó estrela da tarde, que histórias me vens contar
Que o meu coração à tua voz se abre?
– Conto-te que à porta dessa casa esteve sempre a mesma rua
E que tantos passos, uns descalços, outros não, ela já conheceu
É como o céu, que é velho e nunca teve outra lua
Nem a lua, velha que é, pôde conhecer outro céu.
Texto de Elisabete Bárbara
ilustração de Roberto Weigand