Inside man
Realizador: Spike Lee
Actores: Denzel Washington; Jodie Foster
Música: Terence Blanchard
Duração: 125 min.
Ano: 2006
O terrorismo entrou infelizmente no quotidiano das pessoas. Cada vez se escreve e se fala mais dele e sobre ele. Este filme aborda a questão num prisma diferente: será legítimo numa sociedade adormecida e amorfa, utilizar a demonstração de força para chamar a atenção e denunciar um problema? Se só é importante o que aparece na TV, a que meios recorrer para se conseguir ter voz e se fazer ouvir? E como obter credibilidade e justificação para essas actuações?
O que seria um simples enredo de acção e emoção transforma-se depressa numa questão vital e existencial: a tentativa de restabelecer a verdade. Um banco é assaltado, mantendo-se sequestrados funcionários e clientes. Rapidamente identificamos os “bons” e os “maus”. Mas surgem então vários personagens secundários que vão assumindo um papel primordial: em primeiro lugar, o dono do banco, um magnata que quer a todo o custo preservar um segredo guardado num cofre desse edifício. Em segundo lugar, aparece uma mulher bem sucedida – interpretada por uma Jodie Foster que cada vez aparece menos nos écrans, escolhendo a dedo os papéis que está disposta a representar – que aceita ser a mediadora entre o dono do banco e os assaltantes. Através dela vamos sabendo que esta acção não é um mero acto terrorista idêntico a tantos outros: não há vítimas; não se quer destruir nada. Só se pretende revelar um facto escondido há muito tempo. Entretanto, um terceiro personagem, o responsável pelas forças de segurança, vai assumindo protagonismo. Mas, não percebe quais as intenções do grupo de assaltantes; não sabe se pode confiar nas palavras da mediadora; hesita em aceitar as pressões e chantagens de políticos e gente poderosa que querem abafar o caso; e tem medo que este protagonismo e a fama que daí lhe pode advir dificultem o seu discernimento sobre qual a melhor atitude a tomar.
Um aspecto interessante que vale a pena analisar com cuidado é o modo como o realizador Spike Lee desenha os assaltantes. São os “maus” da fita, mas pouco a pouco vamos vendo neles traços de uma humanidade que não esperávamos encontrar… Os conselhos que o líder dos raptores dá a uma das crianças sequestradas, são didácticos e pedagógicos para os dias de hoje. E essa cena resume o filme: uma lição, uma parábola, uma fábula sobre a história de cada um de nós, sobre os segredos que guardamos e sobre as acções que nos levaram a ser o que somos. E coisa rara nos dias de hoje, deixa uma porta aberta à capacidade e às competências individuais de melhoria. Tal como nos ciclos económicos, há altos e baixos. Sabendo utilizar as medidas correctas, a vida melhora.
Tópicos de análise:
1. O trabalho em equipa é fundamental para gerir situações de crise.
2. A necessidade de seguir a consciência e não as pressões a que estamos sujeitos.
3. A verdade é a maior prova de credibilidade, tanto a nível pessoal como empresarial.
4. A realização pessoal não se mede pelo sucesso profissional.
Encontra aqui uma curta apresentação de algumas dezenas de filmes, contendo os dados principais de cada um deles, um resumo e alguns tópicos de análise. Não se trata de filmes aconselhados por nós, mas apenas de algumas ideias que podem ajudar a escolher um filme ou a tirar partido dele do ponto de vista educativo.
Colaboração de Paulo Martins, Mestre em História e Doutor em Cinema.