Se, na natureza, como diz Lavoisier, «nada se perde, tudo se transforma», o mesmo acontece connosco. As coisas que vivemos, se forem boas, transformam-se em saudades; as coisas más transformam-se em força e em coragem. Não podemos viver no passado nem podemos viver do passado, não podemos viver das saudades, ainda que possamos morrer delas, por isso temos de seguir em frente, aceitando a mudança como transformação e a transformação como crescimento. Quando a vida, nas suas correntes fortes, nos tenta atirar borda fora, temos de nos agarrar não à certeza de que tudo passa, porque não passa, antes se transforma, mas à convicção de que seremos marinheiros mais capazes depois de enfrentar as tempestades – e as internas são as mais difíceis de vencer – que os ventos contrários à nossa paz vão levantando, aqui e ali, ao longo do nosso caminho. A verdade é que, por muito difícil que tenha sido, quando chegarmos ao fim da viagem, gostaríamos de a fazer outra vez.
Texto de Elisabete Bárbara