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Certa noite, a lua
Ao ver-se espelhada no rio
Ficou muito espantada
Por, estando ela tão quieta,
Ver-se tremer como de frio…
Como podia tal ser
Se ela não se mexia?
Depois, olhando melhor,
Percebeu que não tremia
E que a imagem espelhada
Era a forma como a via
A água tremente do rio
Que, se estivesse parada
Sob o sopro da aragem,
Não a mostraria com frio
Mas quieta lá no céu
Sem conhecer arrepio…
E assim a lua aprendeu
Que a lua que o seu olhar viu
Não era espelho de si
Mas era assim que o rio
A via e mostrava à sua imagem.
Texto de Elisabete Bárbara
ilustração de Marina Czajkowska