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Naquele velho quarto alcandorado
na névoa dessa Sintra que enternece,
minh’alma embala os sonhos duma prece,
que tinge o ser informe do meu fado!…
Talvez eu o haja um dia abandonado,
num sótão que a memória quase esquece,
ou o tenha preso à teia que se tece
se não é meu desejo ser lembrado…
Mas ele sempre vem, no nevoeiro,
qual D. Sebastião arrependido,
nas vestes dum mendigo ou dum romeiro,
contar o que lhe tem acontecido,
nas voltas que ele andou sem companheiro,
até voltar de novo a ter comigo…
(Rui Rosas da Silva)
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